sábado, 21 de janeiro de 2012

Montadoras começam 2012 sem ônibus no estoque

Por conta da renovação da frota antecipada pelos empresários que buscavam chassis mais baratos que os da nova tecnologia de controle de emissão de poluição, fabricantes de ônibus têm estoque praticamente zero de chassis

Empresários de ônibus, para se livrarem dos preços maiores dos ônibus produzidos desde janeiro de 2012, que contam com tecnologia mais avançada que reduzem a emissão de poluentes, mas que são até 15% mais caros, foram às compras no ano passado e anteciparam as renovações de frota. O ano de 2011 foi recorde para a história do ônibus, com 34 mil 619 chassis produzidos, número 22% maior em comparação à produção de 2010.


Definitivamente, 2011 foi o ano do ônibus. De acordo com dados fechados da Anfavea – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, foram produzidos em 2011, 34 mil 619 chassis de ônibus. O número é o maior da história do segmento e representa alta de 22% em relação à produção de 2010, que já foi considerada positiva.

Licitações, aproximação das eleições municipais, quando o poder público, ciente de que o transporte influencia demasiadamente a imagem de um administrador local, incentiva ou obriga renovação de frota, as expectativas sobre a maior licitação de ônibus do País, que envolverá 1967 linhas interestaduais e internacionais gerenciadas pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) e a obrigatoriedade da implantação de uma nova tecnologia com padrões mais rígidos de controle de poluição, contribuíram para o resultado.

No caso da nova tecnologia, desde janeiro de 2012, os ônibus, caminhões e outros veículos a diesel produzidos seguem as normas européias Euro V, previstas na fase 7 – P 7, do Proconve – Programa Nacional de Controle de Poluição do Ar por veículos Automotores . Os veículos poluem menos, a redução de emissão de materiais particulados chega a 80% e do óxido de nitrogênio (NOx) pode ser de 98%.

Mas estes ônibus chegam a custar até 15% a mais que os produzidos até o ano passado, que seguem as normas Euro III. Além disso, a maioria dos modelos necessita a adição de um fluido, o ARLA 32 (Agente Redutor Líquido Automotivo), feito com 32% de uréia industrial. O fluido é visto como um custo a mais pelos empresários, apesar de as montadoras alegarem que este custo pode ser compensado pelo fato de os veículos com nova tecnologia consumirem menos.

Mas os empresários, normalmente conservadores e desconfiados, preferiram ir às compras e adquirir veículos com a tecnologia Euro III. A legislação permite a compra de Euro III até março desde ano.  eriam chassis produzidos em tese até 31 de dezembro de 2011 que não foram vendidos.

Seriam. Isto porque praticamente todos os ônibus feitos até esta data já tinham sido encomendados. E a desde 01º de janeiro de 2012, não se pode produzir mais Euro III para o mercado nacional. O empresariado ficou com receio até mesmo de não haver veículos mais baratos com a tecnologia antiga nos pátios até março deste ano.

As montadoras alegam que iniciaram o ano de 2012 sem ônibus em seus estoques para o mercado nacional. A Mercedes Benz, líder do setor de ônibus, produziu em 2011, 14 mil 634 unidades de ônibus. Só em dezembro, último mês de produção do Euro III, 1 mil 577 chassis, volume 36% superior a dezembro de 2010. Em comparação a 2010, o ano passado para a Mercedes Benz representou alta de 4,1%.

A montadora afirmou não ter mais ônibus padrão Euro III no estoque, produzidos no ano passado e que poderiam ser vendidos até março deste ano, Apesar de ser líder no mercado, a Mercedes Benz teve um crescimento inferior à média de todo o segmento e bem menor que a segunda colocada.

A MAN – Volkswagen fabricou 11 mil 138 chassis de ônibus, alta de 48,1% em 2011 em relação a 2010. Outra empresa que alega ter esgotado os ônibus de tecnologia mais antiga é a Volvo. A montadora registrou produção de 1 mil 350 chassis. Quanto às perspectivas sobre 2012, a opinião entre as montadoras está dividida.

Algumas apostam na manutenção do ritmo por conta das eleições municipais e licitação da ANTT, outras dizem que o ritmo deve se igualar a 2010, com cerca de 30 mil unidades, por conta justamente de o ano de 2011 ter sido muito aquecido. Seria um ajuste de mercado.

Alguns empresários dizem que a falta de estoque não é só pela procura do ano passado. As montadoras teriam calculado um nível de produção no ano passado, para já venderem no início de 2012 os ônibus com nova tecnologia que são mais caros e rendem mais às empresas fabricantes.

Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes

Ônibus Brasil

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