sábado, 24 de setembro de 2011

Hoje é dia de deixar o carro na garagem

Créditos: Diário de Pernambuco/Acervo
Dia mundial sem carro. A ideia é essa. A realidade ainda está longe disso. Abrir mão do conforto do automóvel e encarar o transporte público, ou talvez descolar uma carona, ou quem sabe pedalar de casa para o trabalho ou, em situação mais remota, caminhar, ainda é um desafio para poucos. Mas serve no mínimo para uma reflexão. E os números mostram o tamanho dos contrastes. Um ônibus comum transporta uma média de 80 pessoas. Um carro comum, no máximo cinco pessoas. Temos uma frota de três mil ônibus e mais de um milhão de veículos na Região Metropolitana. O resultado é um trânsito que trava diariamente.

Os engarrafamentos são apenas uma parte do problema. Outro prejuízo é a poluição ambiental. E nessa conta, os que transportam menos poluem mais. Um exemplo disso é a moto que transporta duas pessoas e polui 32,3 mais vezes que o ônibus. Já o carro, 17 vezes mais. “Em relação à ocupação das vias, a moto, por incrível que pareça, necessita quatro vezes mais de espaço do que o ônibus e o carro de 6,4 vezes mais de espaço em relação ao ônibus”, afirmou o engenheiro e professor das universidades Federal e Católica de Pernambuco Maurício Pina.

Para quem está disposto a usar a bicicleta como meio de locomoção, tem a certeza de que as ciclovias existentes no município não são suficientes para interligar os quatro cantos da cidade. O Recife dispõe atualmente de 13,2 quilômetros de ciclovias em trechos distintos: Centro, orla e a ciclovia Tiradentes, na Zona Oeste.

No Recife, o casal de cirurgiões-dentistas Maria Carolina Moura e Renan Almeida vem tentando fazer a parte deles. Renan, que trabalha em dois locais diferentes, costuma deixar o carro na garagem e ir de bicicleta ou até mesmo caminhando. “Um deles, que fica mais próximo da minha casa, tento utilizar a bicicleta para fazer pequenos deslocamentos, já que é uma maneira de fazer exercícios e fugir também dos congestionamentos que são bastante estressantes”, diz. Ele conta e lamenta a falta de meios de transportes públicos de qualidade. “Se os meios de locomoção fossem confortáveis, as pessoas deixariam mais seus carros na garagem”, acredita.

Hoje, em pelo menos um dos turnos, o casal vai deixar o carro em casa. “Gostaria de deixar por mais tempo, mas o Recife não nos oferece infraestrutura suficiente, como as ciclovias, para que possamos pedalar com mais tranqüilidade e segurança, além do fato dos motoristas ainda não respeitarem os ciclistas”, lamenta Renan. “No último dia 7 de setembro um ciclista morreu na Avenida Recife por não ser respeitado por um motorista de carro”, alertou.
Criado na França, em 1998, o Dia Mundial Sem Carro ganhou força no Brasil em 2001. Desde então, 110 cidades do país já fazem alguma movimentação na data. Em Pernambuco, a cidade de Olinda será 111ª a fazer a mobilização com o intuito de trazer uma reflexão sobre os problemas causados pelo uso massivo de automóveis como forma de deslocamento, sobretudo nos grandes centros urbanos. De acordo com o secretário executivo de transporte e trânsito de Olinda, Adriano Max, existem 110 mil automóveis cadastrados na cidade Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade.

“Para se ter uma noção, nós temos 380 mil habitantes. Se cada pessoa resolvesse dar um carona a três, não seria necessário o transporte público”, diz o secretário. Em Olinda, a avenida Ministro Marcos Freyre, beira-mar da cidade, será o palco da mobilização social. “Vamos isolar três quarteirões, das 5h ao meio-dia, com o intuito de chamar a atenção da população”, falou Max.

Diário de Pernambuco

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