segunda-feira, 1 de abril de 2013

Preço do parabrisa encareceu transportes

Empresários denunciam aumentos de até 120% em menos de um ano

Créditos: Guto de Castro/Acervo
 
Associações de empresas de ônibus e gerenciadores de transportes começaram a apurar um suposto conluio entre fornecedores de peças e equipamentos para veículos de transportes coletivos que tem provocado aumentos considerados abusivos em alguns itens dos ônibus.

De acordo com o Transfretur – Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros por Fretamento e para Turismo do Estado de São Paulo e Região, um dos grandes vilões dos aumentos das peças de ônibus tem sido o parabrisa.

Associados deste sindicato, que são empresas de ônibus, mandaram relatórios de compras e de manutenções que apontam aumentos de preços na ordem de 120% em menos de um ano.

“Não houve um aumento expressivo dos componentes dos parabrisas que justifique um reajuste repentino e sem comunicação alguma com os setores dependentes. Por isso, não vemos alternativa, a não ser recorrer no âmbito legal” – disse em nota, Jorge Miguel dos Santos, diretor-executivo do Transfretur.

Para se ter uma ideia, o parabrisa de um micro-ônibus rodoviário da Busscar, modelo Micruss, ano 2005, verde, inteiriço, já era encontrado em janeiro por R$ 3.111. O parabisa direito ou esquerdo de um ônibus mais antigo, modelo Monobloco O 400 RS/RSL custa R$ 500 cada.

Já o parabrisa de um ônibus Marcopolo Paradiso Geração 6 – 1200 HD, laminado e verde, é encontrado por R$ 1630, cada lado. O mesmo tem ocorrido com modelos de ônibus urbanos, cujos vidros da frente tiveram aumentos na ordem de 100% do valor. O parabrisa de um micro-ônibus urbano Piá, da Comil, no início do ano custava R$ 2100,00

Segundo os empresários, todos estes aumentos muito superiores aos índices de inflação e que superaram os reajustes de outros insumos para ônibus, são sentidos pelo passageiro. No caso de empresas de fretamento, é possível, quando a concorrência permite, aumentar o valor da contratação dos ônibus. Mas nem sempre isso ocorre, já que as companhias de ônibus têm medo de perder clientes.

Já em relação às empresas cujas tarifas são reguladas, como de ônibus rodoviários e urbanos, a margem de lucro da empresa cai e dinheiro que poderia ser usado para fortalecimento econômico da viação ou mesmo investido em melhorias, como renovações de frotas e manutenção mais severa, tem servido para bancar estes reajustes dos parabrisas.

Além disso, os dois últimos reajustes do diesel, que nas refinarias somam 10,5%, também vão ser sentidos direta ou indiretamente pelos passageiros.

Mesmo com a possível desoneração do PIS e Cofins sobre o óleo diesel dos ônibus urbanos, estudada pela equipe econômica da Presidente Dilma, estes reajustes no combustível vão pesar nos próximos aumentos de tarifas, como nos sistemas municipais de São Paulo e Rio de Janeiro e no intermunicipal de São Paulo, onde as tarifas que deveriam ter reajustes no início do ano foram congeladas a pedido do ministro da fazenda, Guido Mantega, com medo de perder ainda mais o controle sobre a inflação.

Para os sistemas que já reajustaram as tarifas antes dos dois aumentos do diesel, as margens de lucro devem diminuir o que pode comprometer parte de alguns investimentos. Além disso, esses reajustes vão pesar no período contabilizado nos próximos aumentos de tarifas para os passageiros.

E vale lembrar que, se a desoneração de fato ocorrer, ela deve beneficiar apenas os ônibus urbanos. Os serviços de ônibus rodoviários e de ônibus de fretamento ainda vão pagar diesel sem desoneração.
É bom o cidadão estar atento, pois todo aumento abusivo sobre os insumos dos ônibus, totalmente ou parcialmente, acabam pesando no bolso do trabalhador.

Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes

Blog Ônibus Brasil

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